quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A alvorada


A artilharia dos defensores rugiu mais uma vez, despejando a sua letal carga ao acaso. David sabia que os defensores já tinham perdido toda a esperança, São Petersburgo cairia dentro de algumas horas. A guerra mundial que já durava há oito anos e fora combatida nos seis continentes estava perto do fim. O conflito pelo maldito petróleo já reclamara quase meio bilião de vidas e felizmente nenhuma nação usara o seu arsenal nuclear.

O interior do tanque tipo Roosevelt, por não estar equipado contra aquele nível de humidade, cheirava a mofo. Percorrer milhares de quilómetros naquela lata de sardinhas com um comandante com feitio difícil estava a dar cabo dos nervos a todos.

– Alvo às quatro horas, a duas milhas – anunciou o comandante.

A escuridão da noite nórdica obrigou David a procurar o alvo com os sensores térmicos. Era uma bateria anti-tanque, mas não havia nada a recear.

O frágil equilíbrio entre as facções foi desfeito na maior batalha aérea da história da humanidade. Milhares de caças lutaram durante horas sobre a Europa de leste. Quando se silenciaram os céus, o domínio aéreo pertencia às forças Ocidentais. Era hora de preparar a invasão terrestre.

Os radares foram destruídos pelos bombardeiros há um par de horas. Sem eles, os sistemas de defesa estavam cegos, mas nem por isso deixavam de disparar. A cidade resistira ao mais longo cerco da história durante na última guerra mundial, atestando a teimosia russa.

Pediu uma munição explosiva e o sistema de ataque do blindado trancou o alvo. Ajustou as protecções dos ouvidos, inspirou e premiu o botão. Quando recuperou do estrondo do disparo, viu que a bateria estava irreparável. Nesse momento, os bombardeiros passaram por cima dos tanques destruindo a barricada mais à frente.

– Avancem, estamos a pouco mais de três de milhas da Praça do Palácio.

David estremeceu de excitação, pressentido que o fim da guerra estava próximo. Com a captura da praça central a resistência dos habitantes sofreria um duro golpe na moral. Dois soldados saíram de outro tanque para confirmar se a ponte estava armadilhada. Assim que se confirmou que estava limpa, o veículo de David avançou lentamente. Agarrou-se aos comandos com receio, detestava atravessar pontes.

Pareceu passar uma eternidade até chegarem ao outro lado, numa avenida cujo nome começava por “Bo” e era seguindo por mais dez caracteres que não conseguia pronunciar. Os tanques seguiram pelas quatro faixas em direcção à Catedral.

As ruas estavam desertas. Não se ouviam nem disparos nem explosões. Parecia que os russos tinham desistido de lutar.

– Onde raio se meteram os russos? – ouviu pelo rádio com um sotaque fortemente alemão.

Sorriu, pensando o quanto os alemães e os franceses estariam a apreciar a ironia do momento.

– Daqui tenente Jarnot, acabámos de capturar a estátua do cavaleiro. Não há qualquer armadilha nem resistência neste sector.

O anúncio foi seguido por outros semelhantes, os lugares simbólicos estavam a ser tomados sem resistência. Talvez a guerra estivesse perto do fim, pensou.

Os blindados americanos pararam à entrada da praça.

– Toda a gente lá para fora, temos de ver se não há minas – ordenou o comandante.

À semelhança dos outros soldados, David cumpriu as ordens contrariado. Detestava sair da protecção dos doze centímetros de aço do blindado. Os atiradores furtivos eram o pesadelo de qualquer artilheiro.

Encostado às lagartas, olhou em frente. A iluminação escassa da lua permitia distinguir os contornos do lugar. À excepção do monólito gigante protegido por sacos de areia, a praça parecia deserta. Não se viam capacetes a espreitar por cima dos sacos nem artilheiros nos canhões anti-blindado.

– Olhem! – exclamou o condutor, apontando para ocidente.

Uma luz brilhante tornou a noite em dia. Não se ouviu nenhuma explosão. David deixou-se cair no chão, percebendo logo o que acontecera. As lágrimas escorreram-lhe pela face. Nunca pensou chorar assim no fim deste maldito conflito. A imagem do seu filho e esposa vieram-lhe à memória, dava qualquer coisa para estar com eles.

Na face dos seus compatriotas via-se a mesma consternação. Ao seu lado o comandante ria-se, quebrando o silêncio.

Um pelotão de russos saiu de um edifício adjacente. Apontaram-se algumas armas, mas ninguém disparou. Os adversários fitaram-se mutuamente. Via-se igual resignação e cansaço em ambos os lados.

– Não vale a pena – alguém gritou.

Alguns soldados atiraram as armas para o chão e o exemplo foi seguido pelos restantes. Pedidos de desculpa foram lançados em várias línguas. O céu voltou a ficar iluminado.

– E é assim que acaba!

Os clarões sucediam-se com maior frequência e pareciam vir um pouco de todos os lados. A expressões de desolação transpareciam o destino que os esperava. Restavam-lhe minutos, ou talvez segundos.

Caminhou para o russo mais próximo e num impulso abraçou-o.

– Desculpa o que fiz ao teu país – disse-lhe e olhos do que fora o seu oponente mostraram-lhe que percebera a intenção.

– Já não faz diferença – respondeu-lhe o russo, com um forte sotaque.

Todos sabiam que assim era.
David foi ofuscado por um clarão e sentiu-se arrastado por uma força imensa. Para ele, o mundo acabara.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Passarempo Madalena Santos: Vencedora


O passatempo Madalena Santos teve 44 participações e a vencedora foi:



38 - Ester Elisabete Neves Durães

 Muitos parabéns! (Irás receber O Décimo Terceiro Poder - Terras deCorza, #1)


Obrigado a todos pelas participações!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Operação Curta Metragem: Comunicado Final


Caros amigos,

Decidi retirar-me do concurso de escrita para cinema. A minha desistência prende-se com o facto de um dos participantes ter comprado cerca de 500 votos esta manhã (os votos apareceram do nada em pouco mais de 10 minutos). É algo que acho extremamente imoral e não estou disposto a descer ao mesmo nível. A organização optou por não desqualificar esse oponente, logo a única opção aceitável que me restava era esta. Prefiro manter a minha dignidade e não pactuar com isto.

Deixo-vos aqui com o gráfico das votações:



O quarto dia tem duas descontinuidades muito interessantes!

Deixo aqui também a derivada para os mais curiosos ou cépticos:

 Que pico muito interessante, não acham?


Tenho de pedir desculpa a todos os que votaram, partilharam e pediram que votassem em mim, mas nestas condições era impossível ganhar de maneira honesta. Cada voto honesto vosso vale mais do que um milhão de votos comprados! O vosso apoio e divulgação do meu trabalho foi fenomenal e só por isso já valeu a pena ter participado. Espero que compreendam as minhas motivações.

Um grande obrigado, Pedro

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Operação Curta Metragem: Balanço do dia 3

Chegámos ao fantástico total de 976 votos, que é muito mais do que alguma vez podia imaginar conseguir. O apoio que tenho recebido é no mínimo fenomenal e só por isso já valeu a pena participar.

A competição está muito renhida e preciso dos vossos votos. Podem fazê-lo aqui, deixando o vosso "gosto". Preciso também das vossas partilhas, para as quais podem usar estas imagens, promovendo também o link do concurso.

Estou também a oferecer aqui um livro sorteado entre todos os que votarem. O número de participantes ainda é reduzido, por isso metam o vosso nome e partilhem. Espalhem a palavra, quem sabe se um dos vossos amigos queir participar

Fecho o balanço com mil obrigados, sem vocês não teria sido possível!





segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Operação Curta Metragem: Balanço do dia 2

Durante o dia de hoje continuei a receber votos, se bem que menos que ontem. O total é agora 526, o que me segura frágil no primeiro lugar.

A competição está muito renhida e preciso dos vossos votos. Podem fazê-lo aqui, deixando o vosso "gosto". Se gostarem mesmo muito, convençam os vossos amigos a votar também.

Além disso estou a oferecer aqui um livro sorteado entre todos os que votarem. O número de participantes ainda é reduzido, por isso metam o vosso nome e partilhem. Espalhem a palavra, talvez um dos vossos amigos queira participar também.

Para terminar, quero agradecer-vos por todo o apoio que me têm dado neste último dia. Sem vocês não teria sido possível.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Operação Curta Metragem: Balanço do dia 1

As votações abriram em alta e durante o primeiro dia consegui um total de 311 votos, o que me colocou em primeiro lugar. Contudo, a votação continua renhida, pois o segundo lugar está muito perto.

Podem votar aqui. Leiam o conto e se gostem deixem o vosso "gosto". Se gostarem mesmo muito, convençam os vossos amigos a votar também.

Além disso estou a oferecer aqui um livro sorteado entre todos os que votarem. O número de participantes ainda é reduzido, por isso metam o vosso nome e partilhem, quem sabe um dos vossos amigos quer participar também.

Para terminar, quero agradecer-vos por todo o apoio que me têm dado nestas últimas horas e pelo número de visitas no blog (955 durante o dia de ontem). Sem vocês não teria sido possível.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Operação Curta-Metragem: Recomendações do urso


Votem aqui.

Passatempo Madalena Santos

Decidi alterar um bocadinho as regras (todas as participações anteriores continuam válidas). Saibam mais aqui.

Os livros:

Regras:
- Uma participação por pessoa.
- Seguir o blog.
- Fazer like na minha página.
- Termina terça dia 26 de Fevereiro.

Boa sorte!

Participação no Concurso de Escrita para Cinema da Conception: Fase Final

Caros leitores,

O meu conto intitulado "O lago" chegou à fase final do concurso de escrita para cinema promovido pela Conception (se puderem dar um like na página deles era muito porreiro). Caso ganhe, o conto será convertido numa curta metragem.

Como devem adivinhar isto é um momento muito importante para mim, pois gostava de ver a minha história no grande ecrã e tenho a certeza que vocês também. Mas, para ganhar vou precisar da vossa ajuda. Se quiserem votar, tem de clicar aqui e colocar um "gosto".

Conto convosco!


***


O anúncio oficial, que pode ser encontrado aqui:

Exmos(as) Senhores(as) Concorrentes,

A equipa de produção da Conception analisou cuidadosamente as histórias que nos foram enviadas e agradecemos desde já a iniciativa de participar no nosso concurso. De acordo com os critérios mencionados no regulamento, seleccionamos as histórias a seguir ordenadas alfabeticamente:

- As Cores; de Francisco Silva

- Caos e Causas; de Fernando dos Santos

- Desenterrado; de Joana de Brito

- Morrer na Praia; de Eva Silva

- O Lago; de Pedro Cipriano

Informamos também que as mesmas serão postadas na página da Conception às 00h de Sábado dia 16 de Fevereiro e a votação será possível até às 24h de Sexta-Feira dia 22. Alertamos para o formato do "Like": só serão contabilizados os que forem feitos no conteúdo da nota (abaixo do final do texto) e não no registo do post.

Qualquer dúvida ou pedido de esclarecimento pode ser-nos remetida para este email. Agradecemos a acusação da recepção desta informação.

Com os melhores cumprimentos,

Pedro Norton
Gestor de Projecto


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Apanhado dos meus contos no Fantasy & Co

Apresento-vos um apanhado dos meus contos no blog Fantasy & Co com resumos e uma tentativa de classificação por género.



Nada e tudo
Género: História especulativa
Félix é o homem mais rico do mundo e esta é a sua história.

Link


Eternas Palavras
Género: Ficção distópica
Rui é um funcionário público num estado oprimido por uma ditadura. Um dos seus trabalhos era queimar livros na praça pública ao Domingo à tarde para enternecimento da multidão, até ao dia que decide levar um desses livros para casa.

Parte 1/2
Parte 2/2



O protótipo
Género: Ficção Científica
A humanidade está presa num mundo moribundo até ao momento em que a empresa de Armin encontra uma solução para o problema.

Link


A alvorada - Era Dourada
Género: Ficção Científica
Uma guerra mundial que devastou o planeta durante oito longos anos está perto do seu fim. Uma nova era se aproxima para toda a humanidade.

Link


O monstro e a musa
Género: Ficção científica, Ficção pós-apocalíptica
Walter, um cientista do além mar, foi capturado pelos nativos da Ibéria. Eles esperam que ele resolva um dos seus maiores problemas e farão de tudo para o conseguirem.

Parte 1/10

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Brevemente: Passatempo com oferta de um livro

No próximo Sábado irei lançar um passatempo para oferecer um destes livros da Madalena Santos (à escolha do vencedor).


Fiquem atentos!